Major da PM vira réu por corrupção ao exigir dinheiro de fornecedores durante campeonato de pesca da corporação, no Paraná

  • 19/09/2025
(Foto: Reprodução)
MP denuncia comandante da PM de Loanda por cobranças de propina O major Alexandro Marcolino Gomes, da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), foi denunciado por corrupção passiva. A investigação foi feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), por meio dos Núcleos Regionais de Maringá e de Umuarama, e concluiu que Alexandro exigiu dinheiro de fornecedores durante a realização de campeonatos de pesca da corporação. Entenda mais abaixo. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), por meio dos promotores Marcelo Gobbato e Guilherme Franchi, no dia 10 de setembro. No dia 15 o Poder Judiciário recebeu a denúncia, tornando o major réu no processo. Em maio deste ano, Alexandro – que é comandante da 3ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) de Loanda, no noroeste do estado – foi preso preventivamente durante a Operação Zero Um, por ser suspeito de "vender" procedimentos internos da corporação. Segundo o MP, o major exigia pagamentos para determinar transferências de policiais e tomar decisões em inquéritos militares, além de intimidar e subjugar subordinados. Atualmente, ele está em prisão domiciliar. Relembre o caso abaixo. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Londrina no WhatsApp O g1 teve acesso ao documento da denúncia. Nela, o Gaeco apontou a ocorrência de dez situações em que houve cobrança de valores indevidos de representantes de empresas que mantinham contratos de prestação de serviços com a Companhia. "A apuração demonstrou que este se aproveitou da estrutura da Polícia Militar, poder hierárquico, prestígio e autoridade a ele conferidos em virtude de sua posição de Comandante da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar de Loanda [...] proporcionados pela patente de major para coordenar, de forma sistêmica e habitual, a prática de gravíssimas infrações penais e, nesse contexto, perpetrar sucessivos crimes de corrupção passiva em detrimento de comerciantes locais. As ações foram encampadas em reprovável contexto de cooptação de empresários residentes no remoto município de Loanda, valendo-se, inclusive, de insistentes cobranças e constantes intimidações e ameaças, ora expressas, ora veladas e amedrontamentos para obtenção de propina para si, cujas condutas consistem em um grande atentado à ordem pública, à disciplina militar e à sociedade.", apontaram os promotores. O g1 entrou em contato com a defesa do major, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A PM-PR informou ao g1 que não vai se manifestar sobre o caso. Major Alexandro foi preso no dia 22 de maio, em Maringá. Reprodução/Redes sociais Leia também: Pelo mesmo crime: Homem é filmado importunando sexualmente mulher no Paraná e é preso pela quarta vez Entenda: Menina chega em casa dizendo ter levado pedrada enquanto brincava na rua e mãe descobre que filha foi baleada, no Paraná 'Não é dinheiro que me compra': Jogador do Londrina diz que recebeu oferta de R$ 15 mil para manipulação de resultados da Série C e denuncia empresário Como funcionava o esquema Segundo a denúncia, algumas das exigências de propina foram feitas durante a realização do 3º Torneio de Pesca da Companhia. Durante a investigação, foi apurado que o Major exigiu que a empresa que fornecia as camisetas do evento repassasse para ele um percentual dos valores arrecadados com as vendas. Para fazer a exigência, Alexandro usava a desculpa de que o dinheiro seria para realizar "benfeitorias" nas instalações da corporação. O MP afirma que, em outras ocasiões, também foi comprovada a exigência de propina em troca do fechamento de contratos de prestação de serviços para a corporação. O major passou a ser investigado em setembro de 2024, quando uma denúncia chegou ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), relatando que Alexandro e outros soldados da corporação estariam cometendo crimes. Durante a operação realizada no dia 22 de maio – ocasião em que o major foi preso – os policiais também apreenderam camisetas, recibos e cheques sem indicação nominal de beneficiários no interior da 3ª Companhia da PM em Loanda. Camisetas e diversos documentos foram apreendidos durante operação realizada em maio. MP-PR A partir do depoimento de testemunhas, foi apurado que as prestações de contas do Torneio de Pesca eram feitas de forma precária pelo Conselho de Segurança da comarca de Loanda (CONSEG). A entidade disponibilizava a conta bancária para movimentação dos valores arrecadados pelo evento e a inscrição com Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) para emissão de documentos fiscais. Segundo o MP, entre 21 de junho de 2024 e 2 de setembro de 2024, por ao menos sete vezes, o major contratou uma empresa para confeccionar cerca de 1.049 camisetas para serem entregues aos inscritos na competição de pesca. Durante a contratação, Alexandro estabeleceu que, a cada camiseta vendida, R$ 20 iriam para supostas benfeitorias na Companhia da PM. Os valores arrecadados com as inscrições eram depositados nas contas do CONSEG, o qual se encarregava de pagar os fornecedores. Ao pagar pela confecção das camisetas, o major determinou que a empresa fizesse transferências bancárias para a conta dele, que somaram R$ 21.788. Na denúncia, o MP aponta que o mesmo processo se repetiu aconteceu no período entre 26 de março de 2025 e 21 de maio de 2025, por ao menos duas vezes, quando o major se apropriou de R$ 5 mil. Conforme o MP, Alexandro também contratou uma empresa para realizar a instalação de itens de segurança na Companhia da PM, como circuito interno de câmeras de vigilância, interfone, fechadura eletrônica, um portão eletrônico e outros equipamentos, no valor de R$ 26.710. Os serviços foram parcialmente pagos pelo CONSEG, com valores arrecadados no 2º Torneio de Pesca da Companhia. Contudo, após o pagamento, Alexandro solicitou ao representante da empresa de segurança o pagamento de uma comissão de 10% pelo fechamento do contrato, o que resultou na transferência de aproximadamente R$ 2.790,00. Relembre a investigação No dia 22 de maio de 2025, Alexandro foi preso preventivamente durante a Operação Zero Um. A operação foi nomeada de "01", pois era assim que Alexandro era chamado em conversas que foram interceptadas durante as investigações. As apurações reuniram evidências de que o comandante cobrava, de forma recorrente, valores para alterar procedimentos disciplinares, inquéritos policiais militares e transferências de unidades. De acordo com o MP-PR, as investigações apontaram que o esquema de propina funcionava internamente na Polícia Militar, de forma sistêmica e estruturada, e ainda contava com um operador financeiro. Em uma coletiva de imprensa, o promotor do Gaeco, Marcelo Gobbato, contou que as investigações apontaram que o major cobrava diferentes valores, a depender de cada situação. Em um dos casos, o comandante recebeu o pagamento de R$ 10 mil para que um subordinado fosse transferido para outra unidade. As cobranças eram recorrentes, segundo o Gaeco: "Sempre que havia oportunidade de obter valores decorrentes de procedimentos disciplinares que ele, de algum modo, pudesse interferir em relação a subordinados. Outras vezes, pagamentos para o comandante como forma de o militar subordinado conseguir uma transferência para outra unidade da instituição. Outras vezes, atos de interferir diretamente na atividade de policiais para que não fizessem abordagens ou não tomassem essas ou aquelas providências", explicou o promotor. Segundo o comandante Mildemberg, o major tinha competência para solucionar inquéritos militares e "vendia" as decisões dos procedimentos. "No inquérito policial militar, em qualquer crime militar que seja dentro da área de circunscrição, é ele [o major] que faz a portaria de nomeação e ele que faz a solução do inquérito. Então, como ele tinha a competência para solucionar o inquérito, ele vendia a decisão para esses procedimentos", explicou. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias da região em g1 Norte e Noroeste.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/09/19/major-da-pm-e-denunciado-por-corrupcao-ao-exigir-dinheiro-de-fornecedores-durante-campeonato-de-pesca-da-corporacao-no-parana.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Anunciantes